quinta-feira, 19 de abril de 2012

2. Carta para Ana



2. Carta para Ana
                Há três dias venho tentando escrever essa carta para você, mas toda vez me perdia em meus pensamentos, não tive coragem para te enviar. Amassei algumas dúzias de papel. Larguei diversas vezes a mesma caneta e saia de casa para o mesmo bar. Vivo como a história do Pierrot. Me afogo aos poucos. Às vezes em doses, às vezes em goles. A sua lembrança virou um fantasma para mim. Aparece a noite, quando volto de uma noite de bebidas, ou cansado depois de um dia de trabalho. Aquele sorriso que abrigava toda minha dor, tinha partido. Com o tempo eu criei um novo costume. Chego em casa, abro uma garrafa do seu vinho preferido, termino a garrafa, escrevo dois ou três poemas e desmaio por onde estou. Em alguns dias escrevo quatro poemas e em outros não consigo escrever nenhum. Na mesma proporção de dias que acordo no banheiro e outras vezes no quarto. Ando me humilhando. No dia seguinte, me acostumo com a ressaca recolho meus poemas e a garrafa vazia. Como qualquer coisa na padaria da frente e vou para a praia. Nossa praia. E lá estão as mesmas pessoas, mesmas ondas e rituais. Me sento próximo ao mar, o suficiente para a água alcançar os meus pés. Coloco os poemas na garrafa e lanço ao mar. Não, eu não acho que você vá receber as garrafas e os poemas, mas preciso me livrar deles, e lá é aonde posso fechar os olhos e sentir seus abraços, seu perfume. Maldito seja o amor e toda beleza que nele há. Maldito seja o tempo que não podemos enganar. Maldita seja a vida que não podemos desenhar. Tem dias que peço aos céus para esquecê-la, nos outros peço perdão por não saber o que digo. Ainda escuto nossas músicas, construo sonhos e olho o céu com a mesma inspiração que você me causa. É você me faz falta. Passo na mesma rodoviária. Dia sim, dia não. Espero por um tempo, para ver se você aparece. Fé no amor. Quando chegar peço que não me complete e não combine comigo. Continue me transbordando. Eternizando nossos sorrisos e materializando nossos sonhos. Acho que é isso... Com o amor de sempre.
Thomas

                Thomas acabou de escrever a carta e na mesa havia um selo e uma garrafa cheia. Ele tinha sede, mas seu coração também.

*
por hoje é isso, até mais. ou sim ou não.
[bcp] no Facebook 

11 comentários:

  1. Perfeito, acho que foi pra mim. rsrs

    ResponderExcluir
  2. não queria comentar nada, só curtir. mas como não existe esse botão aqui...
    (y)

    .curty

    ResponderExcluir
  3. Tava ansiosa pela continuação dessa história.

    ResponderExcluir
  4. Porra mlk fazendo seu irmão chorar. Quero fazer esse ai no corujão
    sempre tenho muito amor e orgulho.

    ResponderExcluir
  5. Por favor, continue. Me identifiquei demais com essa parte da história. Gostei demais da parte 1 e 3 e queria saber se ainda há continuações..

    ResponderExcluir